Cerca de 25 pessoas ocupam, desde a manhã de quarta-feira, a sede da Funasa em Rio Branco
Após mais de um mês tentando negociar com a administração da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), próxima ao município de Via Verde, no Acre, cerca de 25 indígenas ocuparam, na manhã da última quarta-feira, 3 de novembro, a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), localizada na capital do estado, Rio Branco.
O objetivo da ocupação é conseguir respostas às dificuldades enfrentadas pelos indígenas do estado quanto ao atendimento à saúde. Muitos indígenas vem do interior para tratamento na cidade, mas se deparam com uma estrutura precária na Casai.
Na Casai há um esgoto a céu aberto e as condições de alojamento são precárias. No espaço não existem bebedouros, equipamentos, colchões e materiais adequados para atender os pacientes. Os indígenas reclamam ainda da falta de alimentação e do tratamento a eles dispensado pelos funcionários da Casai.
“Os funcionários são despreparados e mal educados. Passam por nós todos os dias e sequer nos dizem um bom dia, nos cumprimentam. Porque não colocam os próprios indígenas formados em cursos técnicos na área de saúde para trabalhar?”, indagou Edson Jaminawa.
O grupo também reclama, entre outras coisas, do fato de compartilharem o mesmo espaço com pessoas portadoras de enfermidades de fácil contágio, principalmente tuberculose.
O cacique Francisco Siqueira, do povo Apolima Arara, está a mais de um mês esperando por tratamento de seu filho e não conseguiu sequer uma primeira consulta com o médico. Para evitar que o filho tivesse maiores complicações, ele pegou dinheiro emprestado e pagou uma consulta particular.
A reclamação em relação ao péssimo atendimento à saúde no estado é recorrente. A situação se estende há anos sem que alguma providência seja tomada. Diversas denúncias já foram encaminhadas á Fundação Nacional do Índio (Funai), à própria Funasa e também ao Ministério Público Federal.
A resposta também é sempre a mesma, segundo Edson Jaminawa. “Estamos cansados de acreditar em promessas não cumpridas e esperar uma solução. Sempre nos dizem: estamos comprando os materiais e medicamentos por meio de licitação. O atendimento vai melhorar. No entanto, nada melhora”, afirmou.
O grupo formado por indígenas dos povos Apurinã, Jaminawa, Caxarari e Apolima Arara, entre outros, cansado por esperar uma melhora que nunca vem e pela descrença da população e do próprio governo em suas denúncias, revolvera filmar e fotografar as dependências da Casai.
“Agora tiramos fotos e filmamos toda essa situação de desassistência e abandono em que se encontra a Casai, pois todas as vezes que denunciamos ao governo e aos meios de comunicação, estes não acreditam em nós”, disse Edon Jaminawa.
Fonte: CIMI
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