Uma nova vida foi tomada na luta pela terra da comunidade Guarani-Kaiowa, chamada de Kurusú Ambá, município de Amambaí/MS, com a morte de um jovem de 15 anos de nome Osmair Fernandes, cujo corpo foi encontrado ontem de manhã jogado na escola indígena da aldeia Taquapiry, município de Coronel Sapucaia. O jovem pertencia ao acampamento que fez a retomada de terra no dia 25 de novembro, no lugar chamado Jaguá Ambá Cué, dentro da fazenda Maria Auxiliadora, que, segundo os indígenas, faz parte do grande Tekohá Guasú (território tradicional) de Kurusú Ambá. De acordo com as informações dos próprios indígenas, no dia 16 de dezembro, Osmair decidiu retornar sozinho ao acampamento que as famílias ocupavam desde 2007 na beira da BR 289 que liga Amambaí a Coronel Sapucaia para buscar alguns pertences, pois a Polícia Federal teria dado garantias para irem e virem na estrada que dá acesso a fazenda, após uma reunião com fazendeiros. Seu corpo foi encontrado o dia 17 de dezembro cedo pela manhã pelos indígenas, com indícios de tortura.
Desde 2007, na comunidade de Kurusú Ambá já foram assassinados por pistoleiros Xurite Lopes, Ortis Lopes e Osvaldo Lopes, e três crianças morreram de desnutrição. Todos os fatos que envolveram pistoleiros e fazendeiros ficaram na impunidade.
“Propriedade privada”
No mesmo dia que foi encontrado o corpo de Osmair Fernandes, as lideranças de Kurusú Ambá foram ao Ministério Público Federal (MPF) de Ponta Porã para solicitar a mediação do órgão público perante a FUNASA e FUNAI com o objetivo de conseguir que sejam realizados atendimentos de saúde e entregas de cesta básica no lugar onde estão acampadas as famílias dentro de fazenda Maria Auxiliadora. De acordo com as lideranças, a solicitação feita ao MPF foi uma ação desesperada da comunidade devido à grande quantidade de doenças que está atacando às famílias, que participam da retomada, e a fome que os atinge. Segundo os indígenas, a resposta do MPF foi negativa alegando que esses órgãos não podem entrar na fazenda sem autorização judicial. O MPF pediu aos indígenas que se deslocassem para a aldeia de Taquapiry, oito quilômetros de distancia da retomada, para receber a cesta básica e atendimento médico. O deslocamento nesse percurso custou à vida de Osmair Fernandes.
A fazenda Maria Auxiliadora, segundo os indígenas, atualmente só tem plantação de soja e não tem criação de gado. Além disso, os estudos preliminares dos antropólogos do Grupo Técnico de Identificação de Terra Indígenas (GTs) da Funai, segundo eles, é de fato, terra tradicional indígena.
Fonte: Cimi/MS
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